domingo, 3 de agosto de 2025

“Metade dela, metade ele”

 Ela era o caos bonito.

Vinha com o cabelo bagunçado e os pensamentos em desalinho, como quem mora numa ventania e aprendeu a dançar com os cacos do próprio excesso.

Ele era a paz disfarçada de rotina.

Despertava cedo, dobrava a toalha, media a água do café como se fosse fórmula mágica pro mundo não desabar.


Ela era de rir alto, chorar sozinha e beijar com a alma.

Ele era de silêncios longos, suspiros tímidos e mãos que seguravam mais do que diziam.

Ela falava com os olhos, gritava com o corpo, sumia pra se encontrar.

Ele ficava. Ficava até quando tudo mandava ir.


Ela era tempestade.

Ele, o abrigo.

E ninguém entendia como aquilo dava certo.

Nem eles.

Ela dizia: "você é morno, eu sou incêndio."

Ele respondia: "e mesmo assim você vem se queimar em mim toda noite."

Ela precisava da fuga.

Ele, do retorno.

Mas no fim, tinham um acordo secreto: se encontravam no meio do caminho.

Naquela zona de guerra travestida de ternura.

Naquele amor que não era fácil, mas era inteiro.


Eles não se encaixavam.

Se acolhiam.


Ela era exagero.

Ele, limite.

Mas havia um lugar onde os opostos não se repeliam.

Se reconheciam.


E se amavam...

— cada um, à sua maneira.

Um comentário:

“Metade dela, metade ele”

 Ela era o caos bonito. Vinha com o cabelo bagunçado e os pensamentos em desalinho, como quem mora numa ventania e aprendeu a dançar com os ...